O sol nasceu, parece que não nasci
Estou em estágio de banho-maria
em água fria
A cada minuto me aproximo mais do gelo
Vejo o calor contagiante do sol
que não me inocula
O que me incorpora é o inerte
Os espaços fora de mim são enormes,
Há vidas, feridas, misturas
Nada desperta minha atenção
Pareço sem armas nesse jogo
Nem mesmo do punho disponho
não sei usá-lo, ou ele se vira contra mim
Onde está minha alegria?
Talvez naquele lugar aqui dentro
onde nada é possível
sufocada sem ar
Mas agora o sol se esconde atrás das nuvens
E curiosamente senti sua falta
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
cicatriz
as palavras enganam
os pensamentos fogem do controle
transformando os sons em navalhas
como ferro quente, queima e cauteriza
a dureza que surge após o sangue
mantém o fio da vida
os pensamentos fogem do controle
transformando os sons em navalhas
como ferro quente, queima e cauteriza
a dureza que surge após o sangue
mantém o fio da vida
domingo, 15 de fevereiro de 2009
em lados
seus braços tem lados
me encaixo junto ao ventre
parede macia
quedado manso
faz dormir os barracos
os sons dos malacos
abraço acrobático
despretensioso
se tê-lo eternamente
a vida não seria vida
deixo estar aqui
fingindo não saber do amanhã
me encaixo junto ao ventre
parede macia
quedado manso
faz dormir os barracos
os sons dos malacos
abraço acrobático
despretensioso
se tê-lo eternamente
a vida não seria vida
deixo estar aqui
fingindo não saber do amanhã
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Que Te Quero
Arnaldo Antunes
Compositor: Edgard Scandurra / Peter Price / Arnaldo Antunes
olho que te quero boca
pele que te quero aço
água que te quero sopa
perna que te quero braço
cama que te quero pedra
vidro que te quero caco
nuvem que te quero terra
água que te quero cactus
carne que te quero corpo
boca que te quero poço
peito que te quero rosto
pênis que te quero osso
boca que te quero poço que
te quero peito que te quero
rosto que te quero pênis
que te quero osso que te
quero osso que te quero osso
peito que te quero fonte que
te quero costa que te quero frente
que te quero língua que te quero
ponte que te quero dedo
que te quero dente
peito que te quero fonte
costa que te quero frente
língua que te quero ponte
dedo que te quero dente
língua que te quero teta
leite que te quero nata
loira que te quero preta
preta que te quero prata
prata que te quero ouro
couro que te quero vaca
água que te quero fogo
olho que te quero asa
couro que te quero vaca que
te quero água que te quero
fogo que te quero olho
que te quero asa que te
quero asa que te quero asa
casca que te quero polpa que
te quero unha que te quero
casco que te quero pano que
te quero roupa que te quero
crânio que te quero saco
casca que te quero polpa
unha que te quero casco
pano que te quero roupa
crânio que te quero saco
coxa que te quero colo
bolha que te quero calo
gota que te quero gole
poça que te quero lago
clara que te quero gema
sola que te quero palma
nome que te quero carne
carne que te quero alma
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
por quem?
abro os olhos
lua a pino
sol a caminho
manhã manhazinha
o corpo não quer
sem opções
olho ao lado
meu par
meu lar
a parte doce disso tudo
logo lá os pequeninos
ainda sonhando fantasias
caminhada longa à espera
um dia só
mais um
combustível?
nem petróleo nem álcool
táqui
logo aqui
lua a pino
sol a caminho
manhã manhazinha
o corpo não quer
sem opções
olho ao lado
meu par
meu lar
a parte doce disso tudo
logo lá os pequeninos
ainda sonhando fantasias
caminhada longa à espera
um dia só
mais um
combustível?
nem petróleo nem álcool
táqui
logo aqui
domingo, 1 de fevereiro de 2009
vistemtempo ou o grande!
tempo que me guia
tempo que me alucina
tempo que anuncia
tempo que calcina
tens porquê de dizer
tem algo mais a me dizer?
ponha seus acentos
parta seus pedaços
pense ao correr
medite em seus rastros
apague os passos não pisados
tens razão em existir
pois só por ele tu és esse momento
meu encanto, meu tormento,
meu silêncio
tempo que me alucina
tempo que anuncia
tempo que calcina
tens porquê de dizer
tem algo mais a me dizer?
ponha seus acentos
parta seus pedaços
pense ao correr
medite em seus rastros
apague os passos não pisados
tens razão em existir
pois só por ele tu és esse momento
meu encanto, meu tormento,
meu silêncio
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