quarta-feira, 25 de novembro de 2009

passeio

na ponta do fio
dos dedos estalados
bambos, estratificados
seguro pela espinha dorsal
com um espinho na guela
etinerante instante
moradia ambulante
de espírito solto
envolto por um céu tarde
esporado por sonhos
de crina longa e sedosa
impõe o equilíbrio dinâmico
onde peixes voam alados
levados por ventos do leste

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

de-me seu soul
groove movement
blues, seja o que for
seja voce
comigo
abrigo
é bom ter
consigo
não vá tão longe
ou vá
mas deixe seu gosto
amargo e doce
no meu rosto
com gesto inqueto

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

gotas

ah..quem se importa
amanhã estarei aqui
como você
e o mundo não acaba
talvez em 2012
acaba a cada dia
em qualquer esquina
ali
e surge sempre
uma nova fenda
prenda minha
não se assuste
esquecemos o manual
basta saber
o que fazer de manhã
gotas de sabor
caídas do céu particular
nuvens de desenho
prontas para desabar
seu líquido
ir de rio a rio
e evaporar

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

viagem

sem vista para o mar
mas bate um ventinho
se esbaldar já não pode
toma essa caneca
senta aí nesse cascalho
aproveita
pega o busão ali
enquanto espero o meu
ah, vou de churras grego
suco grátis
sem pensar não amarga
é melado
meu suor me liberta
quando seca na camisa amassada
e forma uma crosta protetora
uma casca laboral
que me isola de meu pensamento indigno
maligno
facílimo e dormir nesse banco
no balanço
no tranco
estanque

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

sanha sua

sei amanhã o que deixei
provo do gosto presente
palavra que não se sente
não se transforma
forma o ser
se faz crer em si
inscrever sua insignia
compor a ginga
para depois de amanhã
com uma sanha sua
sonhar, de dentro pra fora
embora muito embora
algo no seu mundo se ressente
as vezes chora
e se fortalece
sem saber

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

medalha

de compromisso eu digo
respeito
sem ou com sentido
com você e seus limites
esquisitices de amor
jogar-se
chocar-se
sem protetor
com dor
mesmo
como dizia Itamar
dor elegante
portá-la
como medalha
uma navalha
abrindo fendas mágicas
buracos negros
deixando escorrer entre os dedos
seu líquido etério