quinta-feira, 29 de novembro de 2012


O que eu dizia
Ouvia
Sentia
O que prevera
O que já era
Era hera
Subindo
Pelas Eras
afora
Sem se dar conta
O que cantava
ou afagava
ia
brandia
em miúdos passos

Palavras
sozinhas
não conjugam
em tempo
Qualquer
Daqui
para o que viera
Serão só
figueiras
de copas
extensas

Desde donde
Até onde
puder



terça-feira, 20 de novembro de 2012

Apenas preciso


Colo
me dê um
para sentir a suavidade
para me mostrar um eixo
um facho

lá estão os dias
nessa noite
reticente

Fecho os olhos
com a vontade
de despertar

esse consolo
pode ser mais
que um espetáculo
solo

colo

Selo a carta
com a foto
de um céu
tempestuoso

mas assino
meu verdadeiro nome
meus reais
por mais banais
desejos

Agora
sou um pequeno gesto
feito sem intenção
quase
e finito
no mesmo momento
que encosto meu rosto

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

tudo paia

ele achou que escrever
traria sua paz
revelaria os segredos
em sublimes rompantes
seria lido
e saberia que parte de si
seria reconhecido

Pareceria importante

um bom leitor e entalhador de palavras
alguém de espírito bom
disposto a ser justo
a todo custo
entraria empaticamente
na pele do outro
vestindo seus olhos
adornaria a cabeça com chapéu
de inverno
cobrindo o corpo com a lã rasgada
do corpo do chão
seria ele mesmo espelhado
em verso
o reverso do que não queria
e por estar ali em sintonia
com a alma
e a consciência
seria diferente
da massa

era paia
e não sabia

terça-feira, 6 de novembro de 2012

nácar


de novo
essa ostra
ovo
casca
rosto
o outro
gera madrepérola
que um dia
com o tempo
vira pérola

esse abraço
aquece
de amanhecer
o dia
e minha defesa
só pode ser
futura jóia
de cor desconhecida
descoberta
paulatinamente