segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

respaldo

Os segredos perdidos
em uma fossa qualquer
uma gota de silêncio
para os dias de balbúrdia
doces mistérios rondam
as serenas foices do fim

Quando se está no meio
e muros dizem por onde pisar
crê-se nas craquejadas certezas
os mantos de aura desgastada
oferecem sua majestade impertinente

Nas grutas de amanhecer tardio
pode-se rever as cenas
reprisadas no episódio remoto

Lá fora brilha uma luz
do alcatrão queimado
a fumaça forma um anjo
andrógino por natureza
é só por uma ocasião
ocasional, do lado de dentro
a piada faz sentido
em um sorriso de lábios cerrados

abrigo ratos e borboletas
fauna autóctone
alimenta e se alimenta
de linhas férreas
carros estacionados
fios arrancados
risos sérios

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

pingo dobrado


Como um sabor de paprica
polvilhada sobre as madeixas de um lindo cavalo
Segure em minha mão,
e arraste a última esperança de uma existência válida
soletre meu nome com palavras estrangeiras
chamando um carrasco, com asco de seu prórprio odor
andor
Em volta, reminiscências de uma tarde mal passada,
prestes a amadurecer
em uma noite calada
de versos prévios
Mistérios sempre rondarão os espelhos de minha alma
A magia do belo encanto da montanha
cobriu meu corpo na madrugada.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

palimpsesto


Pelas janelas faíscam esquálidas chamas de humor
aqui dentro, fechou-se em segredo
as últimas palavras de um sábio ancião

voltarei quando precisares
e quando menos esperares
serei vento em sua testa tensa

e tesa

de noite, no bafo da madrugada
as palavras se espalharam como uma aura calígrafa
empilhando os versos
esquecendo os restos da relva estelar
no chão do banheiro

palimpisesto

sabes que es esto?

Foi eliminado o significado
ofuscado com o raiar dessa lua
queimou a crua ideia
de que amanhã
as dores
e odores céticos
desaperecerão

venha dia imperfeito!
que o sábio ancião mostrou o caminho
movediço
disso
sabemos