quinta-feira, 19 de abril de 2012

de novo, de dia

derrubei em cima dos antigos trapos
os momentos de entusiasmo desmedido
esperei batendo o pé no asfalto da esquina
no mise en scène da vida desenbestada

guardei a bituca no bolso

em caso de alvoroço do outro lado
junto meus trapos e caio fora
o salto pode ser mortal
nessa altura da avenida

ah! se os farrapos desses panos encardidos
falassem
poderiam balbuciar o fim de uma era definitiva
onde o chão seria um manto de pétalas
sem asfalto pra pisar
e os ares repletos de helio
enchendo as barrigas
e cabeças dos seres
livres para flutuar

mas trapos não falam
e devo caminhar agora

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