Seu vestido de domingo
já dança na janela
acompanhando as baforadas
Do vento morno
De esperar a ocasião perfeita
aquela da sintonia inefável
com aquela pessoa inesquecível
Deixou o vestido embotar
Sua flores foram se diluíndo
no fundo azul turquesa
uma comunhão entre tempo espaço
Tecido e tinta
que gritava em espera
Recolhia sua peça ao seu lugar
de sempre, ao lado
dos vestidos de outros dias
sim
teve suas noites
em que foi lançado com fervor
por sobre os corpos
ou aquelas em que sentiu
suas fibras dilatarem
com as mãos distensoras
pequenas estrangeiras
mas um dia
a antiga cortina
se esfacelou com uma tempestade
atípica
o tecido do vestido foi ajustado
para o formato
daquele portal
ali completava seu destino
presa em suas pontas
dançando em gracejos
para dentro da sala
e já não espera outra vida
além desse balançar harmônico
ao sol do entardecer
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