"Há coisas que ainda não são verdadeiras; que talvez não tenham o direito de ser verdadeiras, mas que o poderão ser amanhã." Carl Gustav Jung
Uma noite teve um pesadelo mais que inusitado. Sonhou que sujeitos saiam do quadro e o perseguiam ferozmente. Não sabia o porque de tanta raiva. Raiva, era o que seus gestos diziam. Pisavam pesado no chão de carpete, deixando em baixo relevo as patas negras no chão retrátil. Encolhia-se por entre as cobertas, em cima da cama que ainda guardava a proteção contra quedas noturnas.
-Mas por que decidiram evadir para meu mundo, sem mais nem menos? se perguntava o menino.
Suas feições no quadro já eram quase aterrorizantes, postados unilateralmente em um corredor que parecia infinito.
Vociferavam sem voz audível. Entranhavam suas expressões de monstros insones, querendo-o esmagar com seus olhos perfurantes.
Eram dois, que pareciam fundir-se em um. Uma sombra, um receio, uma bronca.
Talvez esse menino tivesse medo demasiado. Tinha vergonha de ver a madrinha. Quando chegava podia ter presente, doce, abraço, beijo, mas o menino não arredava o corpo debaixo da cama. Um dia dormiu lá embaixo. Mas não foi o dia do pesadelo, esse foi outro. Dormiu e quando acordou bateu o cucuruto no estrado.
Um pequeno estrago.
Nenhum comentário:
Postar um comentário