sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A pouco tempo atrás ele engoliu a própria voz, de um mudo grito que ecoou em todo seu organismo. Ele viu sua própria imagem quando criança, o tênis de furo no dedão e a unha suja de terra. Viu sua lágrima tocar o chão do quintal, e o cachorro matando sua sede como tão denso líquido. Ele viu o que ele via nesse dia, de aperto torcido no peito imberbe, que por desleixo ou liberdade vinha nu. Ouviu sobretudo os passos na sala, que como batestaca que força a fundação, fundou a dor que repuxou seu pensamento. Foi o dia de seu nascimento, seu encontro com o desencontro.
- Não vou parar - Marcelo pensava - se esse sou eu, não tenho medo.

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