Devagar,
que amanhã, é só um dia
de sol nascendo vagaroso
e arredio
luzia ontem na janela
em cor de aquarela morna
um espirro de luz fosca
espelhava na louça esquecida na pia
o borboletar da libélula
milhões de movimentos em um piscar
bilhões num bocejo
na beira da espriguiçadeira
se esgueira o extremo ócio
e o que me vigia
são as caras doces
dos antepassados
daqueles que descansam
e mestres são nessa arte
velam pelos minutos
zelosos dos detalhes
que a essa altura da manhã
despencam aos montes
nessa xícara de leite,
café e retalhos de um zunido
fazendo lembrar que o gole
não é onírico
até onde é sabido
devidamente embustado
pelo café de sonhos intranquilos
boto o pé pra fora
aperitivo da fera cinza que dobra a esquina
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