segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
ventos afoitos
respingou em meu silêncio
as gotas tortuosas da insanidade
pretendia ser pleno
em todos os sentidos
tirar a sabedoria engavetada
era uma das primeiras intenções
remar por águas novas
ouvir as lamúrias
de um rebentar de onda
que traz o ímpeto
a força
forma as rochas
e leva o que puder pelo caminho
pus-me livre, ali bem na rebentação
deixando-me ser sorvido
pelo afoito e inocente mar
mas não esperava
realmente
os ventos
em forma de ciclone
apoderando-se da costa
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Apenas preciso
Colo
me dê um
para sentir a suavidade
para me mostrar um eixo
um facho
lá estão os dias
nessa noite
reticente
Fecho os olhos
com a vontade
de despertar
esse consolo
pode ser mais
que um espetáculo
solo
colo
Selo a carta
com a foto
de um céu
tempestuoso
mas assino
meu verdadeiro nome
meus reais
por mais banais
desejos
Agora
sou um pequeno gesto
feito sem intenção
quase
e finito
no mesmo momento
que encosto meu rosto
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
tudo paia
ele achou que escrever
traria sua paz
revelaria os segredos
em sublimes rompantes
seria lido
e saberia que parte de si
seria reconhecido
Pareceria importante
um bom leitor e entalhador de palavras
alguém de espírito bom
disposto a ser justo
a todo custo
entraria empaticamente
na pele do outro
vestindo seus olhos
adornaria a cabeça com chapéu
de inverno
cobrindo o corpo com a lã rasgada
do corpo do chão
seria ele mesmo espelhado
em verso
o reverso do que não queria
e por estar ali em sintonia
com a alma
e a consciência
seria diferente
da massa
era paia
e não sabia
traria sua paz
revelaria os segredos
em sublimes rompantes
seria lido
e saberia que parte de si
seria reconhecido
Pareceria importante
um bom leitor e entalhador de palavras
alguém de espírito bom
disposto a ser justo
a todo custo
entraria empaticamente
na pele do outro
vestindo seus olhos
adornaria a cabeça com chapéu
de inverno
cobrindo o corpo com a lã rasgada
do corpo do chão
seria ele mesmo espelhado
em verso
o reverso do que não queria
e por estar ali em sintonia
com a alma
e a consciência
seria diferente
da massa
era paia
e não sabia
terça-feira, 6 de novembro de 2012
nácar
de novo
essa ostra
ovo
casca
rosto
o outro
gera madrepérola
que um dia
com o tempo
vira pérola
esse abraço
aquece
de amanhecer
o dia
e minha defesa
só pode ser
futura jóia
de cor desconhecida
descoberta
paulatinamente
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
prazer, simples
Hoje eu vou falar do simples
Que se complicou no meio da explicação
Nasceu avesso ao hermético
Mas desandou no caminho
Era 1 mais 1 igual a 2
Só depois
Virou emaranhado
Quando perguntou
O porquê de ser simples
Iniciou sua vereda
em estreitos afluentes
Rizomáticos
Sintomáticos
Dos efeitos somáticos
De sua crise identitária
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
vá vão
cuidado
com o vão entre
o trem e a plataforma
cuidado
com o são obstruíndo
a simples norma
cuidado
com a visão através
da superfície e a forma
cuidado
com o dado
jogado
entre
a vontade
e a conforma(ção)
se possível
não fique atrás da porta
libere o fluxo
pois
dois corpos
não ocupam o mesmo vão
com o vão entre
o trem e a plataforma
cuidado
com o são obstruíndo
a simples norma
cuidado
com a visão através
da superfície e a forma
cuidado
com o dado
jogado
entre
a vontade
e a conforma(ção)
se possível
não fique atrás da porta
libere o fluxo
pois
dois corpos
não ocupam o mesmo vão
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
imersão
Eu cheguei
ela já estava
me esperando?
Não sei
ainda não sabia
cheguei devagarinho
com o cuidado que a ocasião pedia
e lá estava
de shorts e tênis
pró-ativa
providenciou cadernos
pra escrever histórias
solta
eu, de roupa quase engomada
queria comunhar
de sua leveza
não imaginei
preocupado com a nova jornada
mas aqueles olhos
a revelar
algo que não estava pronto
ainda não sabia
mas o que se chama universo
ou o que seja que semeia
deixou a deixa
mas espera um pouco
que vou pra imersão
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
lente descontado
agora
separo
o trigo
da intriga
percebi
que a briga
ajuda
a luta
é semente
o ser é terra
conflito
de atrito
é alimento
fruta
paraquebaixaracabeça
se o horizonte te encara de frente?
as lentes embaçadas
ficaram no sereno
e vi
de longe
o que antes não via
separo
o trigo
da intriga
percebi
que a briga
ajuda
a luta
é semente
o ser é terra
conflito
de atrito
é alimento
fruta
paraquebaixaracabeça
se o horizonte te encara de frente?
as lentes embaçadas
ficaram no sereno
e vi
de longe
o que antes não via
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
rompas
no espaço de tempo
de passos miúdos
fui alcançado
déjà vu
repetição
da inamovibilidade
própria
reverso
foi o desejo
inspirado
no entardecer
de sol caindo
a ponta da coragem
perfurou
a película
fina e
sagrada
da estabilidade
uníssona
de passos miúdos
fui alcançado
déjà vu
repetição
da inamovibilidade
própria
reverso
foi o desejo
inspirado
no entardecer
de sol caindo
a ponta da coragem
perfurou
a película
fina e
sagrada
da estabilidade
uníssona
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
"-----------"
às vezes
tem vezes
que nem
áspas
servem
pra voz
plu
má
rio
de gente
o que vou pensar agora?
estão me olhando,
não, estou debaixo da tela
do vagão
e tem resumo de novela
é hoje!!!!!!!!
e foi ontem!
e será depois de hoje.
a mesma cena
tem vezes
que nem
áspas
servem
pra voz
plu
má
rio
de gente
o que vou pensar agora?
estão me olhando,
não, estou debaixo da tela
do vagão
e tem resumo de novela
é hoje!!!!!!!!
e foi ontem!
e será depois de hoje.
a mesma cena
sábado, 6 de outubro de 2012
Lar
As grades separam o leão do público
Resgatam a mansidão esquecida
à força
Nas tardes vazias
Ele prefere mascar os restos
De lembrança
Que criou
Durante o tempo vazio
Em seus sonhos
Pode
decepar em só golpe de pata felina
As hastes
Os pescoços
os rostos
Entrei na jaula
E senti o cheiro do medo
Encruado
Escorrendo
de lado a lado
Na ponta do bigode
Entrei nos sonhos
E fui a grade
Varada pelas garras
Mas plena
Pois não precisava
Vigiar mais
Resgatam a mansidão esquecida
à força
Nas tardes vazias
Ele prefere mascar os restos
De lembrança
Que criou
Durante o tempo vazio
Em seus sonhos
Pode
decepar em só golpe de pata felina
As hastes
Os pescoços
os rostos
Entrei na jaula
E senti o cheiro do medo
Encruado
Escorrendo
de lado a lado
Na ponta do bigode
Entrei nos sonhos
E fui a grade
Varada pelas garras
Mas plena
Pois não precisava
Vigiar mais
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
d talhado
desci os montes largos
para ver de perto o
detalhe
era desapercebido
aquele ponto
de luz iminente
da amplidão dos céus
e plenitude do horizonte
era absoluto
devaneio
mas neste instante
divido o chão
com esse detalhe
do passado
do recente ou porvir
e nele
roço a pele
e os nervos
a ponto de ter os seus
olhos
uma vista privilegiada
da fusão
da amplidão dos montes
com os céus
liberdade
renúncia
promessa
não tenho pressa
de voltar aos cumes
para ver de perto o
detalhe
era desapercebido
aquele ponto
de luz iminente
da amplidão dos céus
e plenitude do horizonte
era absoluto
devaneio
mas neste instante
divido o chão
com esse detalhe
do passado
do recente ou porvir
e nele
roço a pele
e os nervos
a ponto de ter os seus
olhos
uma vista privilegiada
da fusão
da amplidão dos montes
com os céus
não tenho pressa
de voltar aos cumes
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Meio dia
Sois
Sóis
em desatino
à pino
movem
as sombras esquecidas
pro canto da saudade
A sós
só nós
e o destino
um ensino
que ainda aguarda
o Tempo
pra existir
Sóis
em desatino
à pino
movem
as sombras esquecidas
pro canto da saudade
A sós
só nós
e o destino
um ensino
que ainda aguarda
o Tempo
pra existir
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
o que você disse?
separados por um silêncio
só
o passado
um sem número de lances
içado
de suas fontes intermitentes
agora
aflora
esquenta e rebenta
o mutismo
olha que hoje nem é dia
hoje
não tem ventania
nem sol na varanda
mas vi logo ao longe
sua boca trêmula
e meus pés
passo a passo
no encalço do silêncio
deixou atrás o vazio
pra encontrar um fio
de razão
em seu olhos
o sentido se faz
na troca
na troça
do poder que a ninguém
representa
liberdade
é aprendizado
dignidade
é reconhecimento mútuo
só
o passado
um sem número de lances
içado
de suas fontes intermitentes
agora
aflora
esquenta e rebenta
o mutismo
olha que hoje nem é dia
hoje
não tem ventania
nem sol na varanda
mas vi logo ao longe
sua boca trêmula
e meus pés
passo a passo
no encalço do silêncio
deixou atrás o vazio
pra encontrar um fio
de razão
em seu olhos
o sentido se faz
na troca
na troça
do poder que a ninguém
representa
liberdade
é aprendizado
dignidade
é reconhecimento mútuo
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Verbos conjugados
Dar e receber
em troca
ou pela obra
da gratidão
Viver e saber
que o tempo
é ida, v
de vinda, vida
Pensar e agir
como crer
ser livre
em si
De dentro
pro centro
Chorar e secar
as lágrimas de dor
por que o indizível
está à espera
da palavra
em troca
ou pela obra
da gratidão
Viver e saber
que o tempo
é ida, v
de vinda, vida
Pensar e agir
como crer
ser livre
em si
De dentro
pro centro
Chorar e secar
as lágrimas de dor
por que o indizível
está à espera
da palavra
terça-feira, 17 de julho de 2012
desorbitado
Você é um planeta
de outro mundo
resvalou em minha órbita
causando um grande estrondo
você é de Tangamandapio
onde as pessoas se olham de esgueira
e inventam palavras por fastio
palavras frágeis
que são lançadas pelas ladeiras
Lá ficam desoladas
esperando a próxima onda para
afogá-las
Você é uma bacia
como aquelas que banhava-me quando
criança
a mesma que hoje em dia
serve de depósito de vômito
nas noites de expurgo
Você pode até ser um autômato
destinado a ser infernal
espalhando seu eu
em meu trôpego planeta
você, não se meta
nos negócios de meu povo
quero que esqueça de novo
que dividimos o sol
agora só quero
construir minha prórpia
bola de fogo
quinta-feira, 28 de junho de 2012
em noites assim
ó o silêncio dessa tarde
as pessoas mudas escoando pelos cantos
em curto circuitos de finalidades
afasto os pés dos percalços íngrimes
lembrando algo que me foi dito
inspira, expira, aspira
e recorre ao seu canto
deixa o sol cair de cara
e queimar os restos frescos
do dia
ó, que a lua vem hoje
alento daquele que nutre
no breu, um eu aposto
explica o que desconhece
deixo em suas mãos
o poder de nomear
ao menos, o oposto
deixe-o exposto
e defina por negação
seu canto, seu encosto
te espera desde ontem
mas, ó, seu rosto
nesta noite
está especialmente
fosco
pelo luar
as pessoas mudas escoando pelos cantos
em curto circuitos de finalidades
afasto os pés dos percalços íngrimes
lembrando algo que me foi dito
inspira, expira, aspira
e recorre ao seu canto
deixa o sol cair de cara
e queimar os restos frescos
do dia
ó, que a lua vem hoje
alento daquele que nutre
no breu, um eu aposto
explica o que desconhece
deixo em suas mãos
o poder de nomear
ao menos, o oposto
deixe-o exposto
e defina por negação
seu canto, seu encosto
te espera desde ontem
mas, ó, seu rosto
nesta noite
está especialmente
fosco
pelo luar
segunda-feira, 25 de junho de 2012
desacordado
Uma longa despedida
de um dia
de uma vida
Sonhos vêm e vão
mas há noites em que eles não aparecem
Caminham por outras cercanias
revelando outros sonhos mais a terceiros
caminho
transpor as ruas desacordado
num desamor de coração triste
cambaleante
a ponte sobre a barricada de senões
desemboca no seio cheio
de fastio
o desencontro desta noite
tremula aos olhos serenos
dos coiotes que rondam os bueiros
e, dor, é de se perceber
credor de sua conta
que hoje
só amanhã
de um dia
de uma vida
Sonhos vêm e vão
mas há noites em que eles não aparecem
Caminham por outras cercanias
revelando outros sonhos mais a terceiros
caminho
transpor as ruas desacordado
num desamor de coração triste
cambaleante
a ponte sobre a barricada de senões
desemboca no seio cheio
de fastio
o desencontro desta noite
tremula aos olhos serenos
dos coiotes que rondam os bueiros
e, dor, é de se perceber
credor de sua conta
que hoje
só amanhã
sexta-feira, 15 de junho de 2012
fios de hoje
Descontinuidades
Descobrir continuidades
Dentro do útero férreo
De uma cidade destronada de glamour
Dos tempos áureos
Restou o luxo de sobreviver
Sorver entre dentes
o ar cotidiano
repleto de calor
dos pulmões ao redor
O relincho da composição
remexe como cerdas os ocupantes.
Estremeceu as cabeças soltas
balaio de divagações
Crivo meu olhos na janela,
para acompanhar as
curvas dos fios de tensão
provavelmente na desinteressada intenção
de chegar a algum lugar
sábado, 2 de junho de 2012
dantes de tudo
esperei no canto
olhos de olho nos efeitos do vento
escolhi esse espaço
para esperar
difícil explicar o que exatamente
godot, sabemos que ele não vem
mas um outro alguém
sempre pode aparecer
um próximo toque
um desvio inesperado
um estampido de baque
inviolável
esperei uns segundos
7 anos e três dias
enquanto isso
deixei uma lágrima acumlada
no canto esquerdo do olho
o tempo de sua queda
foi o instante
que o esperado
mostrou-se ali
onde já estava
antes
Foto retirada do blog http://blogdamartabellini.blogspot.com.br/
terça-feira, 8 de maio de 2012
infurno
Torpor
diante claustro.
guardo no porta luvas
os passos que escondi.
distração
com o ser imaginário
que habita os recônditos da
consciência.
o mesmo dia a encarar
de frente
com um sol seco.
os ecos ainda não chegaram.
espero sentado no automóvel
olhando os incidentes
causados pela fumaça cáustica.
aos ouvidos, django.
como podem dedos
meros
transportar um swing
de vida bandida
tão roubada de si
e doada aos ventos.?
fecho a janela
infurnando o som
a fúria
dentro da célula
desse intestino solto
acoplado a um organismo convulso.
minutos avulsos
de uma vida em trânsito
sexta-feira, 4 de maio de 2012
escalas
Cada um com seu estilo
Cada um com sua face
Cada um com seu polido
Cada um com sua crase
1 de cada em seu orgulho
Um a um com seu mergulho
Na funda escura caverna
da monocromática linha amarela
Cada um com sua face
Cada um com seu polido
Cada um com sua crase
1 de cada em seu orgulho
Um a um com seu mergulho
Na funda escura caverna
da monocromática linha amarela
quinta-feira, 19 de abril de 2012
de novo, de dia
derrubei em cima dos antigos trapos
os momentos de entusiasmo desmedido
esperei batendo o pé no asfalto da esquina
no mise en scène da vida desenbestada
guardei a bituca no bolso
em caso de alvoroço do outro lado
junto meus trapos e caio fora
o salto pode ser mortal
nessa altura da avenida
ah! se os farrapos desses panos encardidos
falassem
poderiam balbuciar o fim de uma era definitiva
onde o chão seria um manto de pétalas
sem asfalto pra pisar
e os ares repletos de helio
enchendo as barrigas
e cabeças dos seres
livres para flutuar
mas trapos não falam
e devo caminhar agora
os momentos de entusiasmo desmedido
esperei batendo o pé no asfalto da esquina
no mise en scène da vida desenbestada
guardei a bituca no bolso
em caso de alvoroço do outro lado
junto meus trapos e caio fora
o salto pode ser mortal
nessa altura da avenida
ah! se os farrapos desses panos encardidos
falassem
poderiam balbuciar o fim de uma era definitiva
onde o chão seria um manto de pétalas
sem asfalto pra pisar
e os ares repletos de helio
enchendo as barrigas
e cabeças dos seres
livres para flutuar
mas trapos não falam
e devo caminhar agora
sábado, 14 de abril de 2012
sextas na porta
esse vento que te resfria
de antes só esqueço daquele teu gosto
do respiro cojugado naquela noite
que foi una, absoluta em sua plenitude
com o tempo, por aí
as sextas etinerantes passam
de porta em porta
deixando apetrechos de lembranças
pequenos tesouros sensíveis ao toque
isso explica estarem embalsamados
em plástico bolha
evitando os choques ou estardalhaços bruscos
penso de na próxima que vir
deixar esses amuletos encontrarem
seu caminho ou descaminho
se acharão por si só
ou desaparecerão na névoa dos dias
importa saber que se for teu
meu, e nosso, restará,
como uma gota que mergulha
nos olhos lacrimosos e penetra
pela carne vulnerável,
os contornos loucos
que atravessam a barreira dos dias
de antes só esqueço daquele teu gosto
do respiro cojugado naquela noite
que foi una, absoluta em sua plenitude
com o tempo, por aí
as sextas etinerantes passam
de porta em porta
deixando apetrechos de lembranças
pequenos tesouros sensíveis ao toque
isso explica estarem embalsamados
em plástico bolha
evitando os choques ou estardalhaços bruscos
penso de na próxima que vir
deixar esses amuletos encontrarem
seu caminho ou descaminho
se acharão por si só
ou desaparecerão na névoa dos dias
importa saber que se for teu
meu, e nosso, restará,
como uma gota que mergulha
nos olhos lacrimosos e penetra
pela carne vulnerável,
os contornos loucos
que atravessam a barreira dos dias
terça-feira, 13 de março de 2012
espelho d'água
sílabas tônicas para o deleite
estreito espaço forjado
entre a compreensão e o acinte
Entre a lágrima que lava o espírito
e o líquido que devasta o mundo
correm rios de origem desconhecida
Rios abraçados por margens extremas
levando
maravilhosos destinos em suas fozes
desembocaduras
as bocas de vozes em engasgo de voracidade
esperam secas
pelo derrame do leito
um alimento
rico em minerais
sais
volto às sílabas atônitas
ao largo dos lugares conquistados
por entre os fluxos interminentes
e os espelhos d'água
refletindo seus olhos vesgos
estreito espaço forjado
entre a compreensão e o acinte
Entre a lágrima que lava o espírito
e o líquido que devasta o mundo
correm rios de origem desconhecida
Rios abraçados por margens extremas
levando
maravilhosos destinos em suas fozes
desembocaduras
as bocas de vozes em engasgo de voracidade
esperam secas
pelo derrame do leito
um alimento
rico em minerais
sais
volto às sílabas atônitas
ao largo dos lugares conquistados
por entre os fluxos interminentes
e os espelhos d'água
refletindo seus olhos vesgos
quinta-feira, 1 de março de 2012
sem título
O sol nasce horizontal
fica a pino
sombreando seus olhos
O pneu cantou
em dó menor
dos males o melhor
O tempo passou
a fonte da juventude
urge reformas
fica a pino
sombreando seus olhos
O pneu cantou
em dó menor
dos males o melhor
O tempo passou
a fonte da juventude
urge reformas
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
respaldo
Os segredos perdidos
em uma fossa qualquer
uma gota de silêncio
para os dias de balbúrdia
doces mistérios rondam
as serenas foices do fim
Quando se está no meio
e muros dizem por onde pisar
crê-se nas craquejadas certezas
os mantos de aura desgastada
oferecem sua majestade impertinente
Nas grutas de amanhecer tardio
pode-se rever as cenas
reprisadas no episódio remoto
Lá fora brilha uma luz
do alcatrão queimado
a fumaça forma um anjo
andrógino por natureza
é só por uma ocasião
ocasional, do lado de dentro
a piada faz sentido
em um sorriso de lábios cerrados
abrigo ratos e borboletas
fauna autóctone
alimenta e se alimenta
de linhas férreas
carros estacionados
fios arrancados
risos sérios
em uma fossa qualquer
uma gota de silêncio
para os dias de balbúrdia
doces mistérios rondam
as serenas foices do fim
Quando se está no meio
e muros dizem por onde pisar
crê-se nas craquejadas certezas
os mantos de aura desgastada
oferecem sua majestade impertinente
Nas grutas de amanhecer tardio
pode-se rever as cenas
reprisadas no episódio remoto
Lá fora brilha uma luz
do alcatrão queimado
a fumaça forma um anjo
andrógino por natureza
é só por uma ocasião
ocasional, do lado de dentro
a piada faz sentido
em um sorriso de lábios cerrados
abrigo ratos e borboletas
fauna autóctone
alimenta e se alimenta
de linhas férreas
carros estacionados
fios arrancados
risos sérios
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
pingo dobrado
Como um sabor de paprica
polvilhada sobre as madeixas de um lindo cavalo
Segure em minha mão,
e arraste a última esperança de uma existência válida
soletre meu nome com palavras estrangeiras
chamando um carrasco, com asco de seu prórprio odor
andor
Em volta, reminiscências de uma tarde mal passada,
prestes a amadurecer
em uma noite calada
de versos prévios
Mistérios sempre rondarão os espelhos de minha alma
A magia do belo encanto da montanha
cobriu meu corpo na madrugada.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
palimpsesto
Pelas janelas faíscam esquálidas chamas de humor
aqui dentro, fechou-se em segredo
as últimas palavras de um sábio ancião
voltarei quando precisares
e quando menos esperares
serei vento em sua testa tensa
e tesa
de noite, no bafo da madrugada
as palavras se espalharam como uma aura calígrafa
empilhando os versos
esquecendo os restos da relva estelar
no chão do banheiro
palimpisesto
sabes que es esto?
Foi eliminado o significado
ofuscado com o raiar dessa lua
queimou a crua ideia
de que amanhã
as dores
e odores céticos
desaperecerão
venha dia imperfeito!
que o sábio ancião mostrou o caminho
movediço
disso
sabemos
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
olhos rotos
se te disserem que se esqueça dos seus pensamentos sustenidos
de sua visão invasora de redomas imemoriais
se cotejarem sua loucura, buscando um fio de razão concreta
ou separarem de sua fonte
a elegia por uma verdade
Por que os adultos choram escondidos?
Não posso falar, que sua ausência corrói minha noção de vida
Mesmo se você ouvisse, sei que não entenderia nada
Posso me debater, encontrando as pontas nos muros
resgatando a dor que nunca adormece
Posso crer que o meu ódio rompa o véu da insensibilidade
Posso até acreditar que nada disso aconteceu
nunca mais verei os olhos tortos de seu rosto
de sua visão invasora de redomas imemoriais
se cotejarem sua loucura, buscando um fio de razão concreta
ou separarem de sua fonte
a elegia por uma verdade
Por que os adultos choram escondidos?
Não posso falar, que sua ausência corrói minha noção de vida
Mesmo se você ouvisse, sei que não entenderia nada
Posso me debater, encontrando as pontas nos muros
resgatando a dor que nunca adormece
Posso crer que o meu ódio rompa o véu da insensibilidade
Posso até acreditar que nada disso aconteceu
nunca mais verei os olhos tortos de seu rosto
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
vulto na janela
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
batalha hão
Torres da razão
flores de ilusão
e cacos espalhados
vindos da janela estilhaçada
pelos gestos abruptos do batalhão
choque para dissuadir
dissolver o resquício da sanidade no mundo
há quantos anos?
Mais quantos?
Cospe sua alma suja
e dá descarga
pra não empestear por aí
a utopia
ainda habita os campos?
Ignorar a chama espontânea
da terra
erigiria a lápide
do fio de integridade
que resta
flores de ilusão
e cacos espalhados
vindos da janela estilhaçada
pelos gestos abruptos do batalhão
choque para dissuadir
dissolver o resquício da sanidade no mundo
há quantos anos?
Mais quantos?
Cospe sua alma suja
e dá descarga
pra não empestear por aí
a utopia
ainda habita os campos?
Ignorar a chama espontânea
da terra
erigiria a lápide
do fio de integridade
que resta
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