além do nevoeiro
persiste a luz do candeeiro
quando me disseram para perdoar
esqueceram de dizer o que fazer
em troca
perdoar a humanidade
por ser humana, significa
deixar que meus erros me absolvam
de um pena imposta por mim
autolibertação,
antes da libertação mundada
mudar a si antes da multidão
espírito adormecido
que ruge por baixo
das rusgas loucas da superfície terrestre
deixe o faixo
soslaio olhar
de luz
saberá o que fazer
quando for
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
presa
Cena do filme "Eu, você e todos nós" de Miranda July
A pressa fez cair o presságio
fez presa do próximo passo
a se concretizar no piso
a pressa transformou em adágio
a paixão funesta, amor em juízo
A pressa seguiu de passagem
achando que era esperta
pensando no futuro
cegou a fresta, erigiu o muro
--------- --------- -----------
seus olhos, no calor da hora
vasculharam minhas entranhas
sem demora
encontraram um nódulo
e o deixou pra outrora
o tempo é sacrificado pelas externalidades vazias
chorar é uma opção para a extenualidade
querer é um senão para sua impossibilidade
)) >< ((
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
ensaios
Sibilos de felicidade uivam
através da caixa toráxica
enxames de abelhas tontas
brindam-se com o mel
levemente amargo de seus lábios
para mim, a melhor saída
é entrar profundamente em seu eu
vasculhar o labirinto de faunos
e cegonhas que habitam seu interior
acariciar seu umbigo
com a ponta dos dedos
assoprar palavras eivadas de bruta
cor, decoradas ao fundo
de uma paisagem furtacor
balangando em uma nau de Veneza
posso tentar com o lápis
desenhar frases em um idioma
qualquer que seja
a mais especial das línguas
para enrolar-me à sua
em carícias plenas de significado
através da caixa toráxica
enxames de abelhas tontas
brindam-se com o mel
levemente amargo de seus lábios
para mim, a melhor saída
é entrar profundamente em seu eu
vasculhar o labirinto de faunos
e cegonhas que habitam seu interior
acariciar seu umbigo
com a ponta dos dedos
assoprar palavras eivadas de bruta
cor, decoradas ao fundo
de uma paisagem furtacor
balangando em uma nau de Veneza
posso tentar com o lápis
desenhar frases em um idioma
qualquer que seja
a mais especial das línguas
para enrolar-me à sua
em carícias plenas de significado
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
real ize
o sangue estampado na primeira página
o suor molhando a camisa amassada
o sonho arremessado em algum ponto no infinito
o senão jogado às favas
vida em estado de exceção
estado de sítio
princípios de mudança
mudança de princípios
quando o que se tem a perder
põe em risco a ideia de si
nada pode ser mais necessário
que lutar por essa prerrogativa
querer mais que se autodefinir
querer ser plenamente
poder ser
no mundo
o suor molhando a camisa amassada
o sonho arremessado em algum ponto no infinito
o senão jogado às favas
vida em estado de exceção
estado de sítio
princípios de mudança
mudança de princípios
quando o que se tem a perder
põe em risco a ideia de si
nada pode ser mais necessário
que lutar por essa prerrogativa
querer mais que se autodefinir
querer ser plenamente
poder ser
no mundo
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
colegas do mar
Sentado à beira do mar, percebia como os navios, aparentando cargueiros, navegavam. Era preciso uma dose de paciência , uma vontade de ócio para medir os micro movimentos dos transatlânticos. Eles cabiam por entre seus dedos, pequenos à época. Dedos que formavam uma luneta de longo alcance, acompanhava curiosamente o ponto preto no horizonte.
Pensava em como podiam ser solitários os marujos, em como a memória deles deveria ser alimentada nos dias longe de casa. Alguns poderiam até regozijar-se com a solidão; afastar-se da civilização humana, bastando si e a inevitabilidade dos colegas marujos. Uns poderiam gostar de jogar cartas, para passar o enjôo, ou vomitar, para limpar a alma.
De lá da praia o garoto saudava mentalmente a tripulação, deixando-se estar, afundando o corpo na areia mole.
Pensava em como podiam ser solitários os marujos, em como a memória deles deveria ser alimentada nos dias longe de casa. Alguns poderiam até regozijar-se com a solidão; afastar-se da civilização humana, bastando si e a inevitabilidade dos colegas marujos. Uns poderiam gostar de jogar cartas, para passar o enjôo, ou vomitar, para limpar a alma.
De lá da praia o garoto saudava mentalmente a tripulação, deixando-se estar, afundando o corpo na areia mole.
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
olha lá olha aí
Compra, vende, troca, negocia
olha só freguesia
pechincha, oportunidade
a qualidade é extrema
trema os lábios com essa oferta
deixe os olhos em alerta
para não perder a promoção
$
clientes estilosos
adquirindo produtos com imponência
suprir a sobrevivência
física e psicológica
A cesta básica carece
de vinho chileno e queijo
de-me um beijo amor
e vamos esquecer o carrinho no corredor
nos aventurarmos vendo a cena daquele filme, aquele
na TV de plasma da entrada
ficaria bem na nossa sala
$
poderia completar o vácuo
causado pelo buraco negro das 8 às 17
$
Aproveite, provedor, provedora
uma chance dessa não se joga fora
senhor, senhora, obrigado!
estaremos ansiosos por sua volta
olha só freguesia
pechincha, oportunidade
a qualidade é extrema
trema os lábios com essa oferta
deixe os olhos em alerta
para não perder a promoção
$
clientes estilosos
adquirindo produtos com imponência
suprir a sobrevivência
física e psicológica
A cesta básica carece
de vinho chileno e queijo
de-me um beijo amor
e vamos esquecer o carrinho no corredor
nos aventurarmos vendo a cena daquele filme, aquele
na TV de plasma da entrada
ficaria bem na nossa sala
$
poderia completar o vácuo
causado pelo buraco negro das 8 às 17
$
Aproveite, provedor, provedora
uma chance dessa não se joga fora
senhor, senhora, obrigado!
estaremos ansiosos por sua volta
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
seres em um mundo estranho
"Há coisas que ainda não são verdadeiras; que talvez não tenham o direito de ser verdadeiras, mas que o poderão ser amanhã." Carl Gustav Jung
Uma noite teve um pesadelo mais que inusitado. Sonhou que sujeitos saiam do quadro e o perseguiam ferozmente. Não sabia o porque de tanta raiva. Raiva, era o que seus gestos diziam. Pisavam pesado no chão de carpete, deixando em baixo relevo as patas negras no chão retrátil. Encolhia-se por entre as cobertas, em cima da cama que ainda guardava a proteção contra quedas noturnas.
-Mas por que decidiram evadir para meu mundo, sem mais nem menos? se perguntava o menino.
Suas feições no quadro já eram quase aterrorizantes, postados unilateralmente em um corredor que parecia infinito.
Vociferavam sem voz audível. Entranhavam suas expressões de monstros insones, querendo-o esmagar com seus olhos perfurantes.
Eram dois, que pareciam fundir-se em um. Uma sombra, um receio, uma bronca.
Talvez esse menino tivesse medo demasiado. Tinha vergonha de ver a madrinha. Quando chegava podia ter presente, doce, abraço, beijo, mas o menino não arredava o corpo debaixo da cama. Um dia dormiu lá embaixo. Mas não foi o dia do pesadelo, esse foi outro. Dormiu e quando acordou bateu o cucuruto no estrado.
Um pequeno estrago.
Uma noite teve um pesadelo mais que inusitado. Sonhou que sujeitos saiam do quadro e o perseguiam ferozmente. Não sabia o porque de tanta raiva. Raiva, era o que seus gestos diziam. Pisavam pesado no chão de carpete, deixando em baixo relevo as patas negras no chão retrátil. Encolhia-se por entre as cobertas, em cima da cama que ainda guardava a proteção contra quedas noturnas.
-Mas por que decidiram evadir para meu mundo, sem mais nem menos? se perguntava o menino.
Suas feições no quadro já eram quase aterrorizantes, postados unilateralmente em um corredor que parecia infinito.
Vociferavam sem voz audível. Entranhavam suas expressões de monstros insones, querendo-o esmagar com seus olhos perfurantes.
Eram dois, que pareciam fundir-se em um. Uma sombra, um receio, uma bronca.
Talvez esse menino tivesse medo demasiado. Tinha vergonha de ver a madrinha. Quando chegava podia ter presente, doce, abraço, beijo, mas o menino não arredava o corpo debaixo da cama. Um dia dormiu lá embaixo. Mas não foi o dia do pesadelo, esse foi outro. Dormiu e quando acordou bateu o cucuruto no estrado.
Um pequeno estrago.
terça-feira, 4 de outubro de 2011
celeuma
O louco de antes
desfila sua sensatez pelos quatro cantos do mundo
revolução, movimento
era feijão com arroz
se o tempo é atroz
o espaço é de vento
distrai as cabeças penduradas em pés soltos
ventania em calabouços digitais
espalhando a sangria
dos corpos sentados em frente a tela
novidades
de ontem cedo
velhos medos de solidão
assaltam o dia
o que fazer amanhã
é a questão
vazia
desfila sua sensatez pelos quatro cantos do mundo
revolução, movimento
era feijão com arroz
se o tempo é atroz
o espaço é de vento
distrai as cabeças penduradas em pés soltos
ventania em calabouços digitais
espalhando a sangria
dos corpos sentados em frente a tela
novidades
de ontem cedo
velhos medos de solidão
assaltam o dia
o que fazer amanhã
é a questão
vazia
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
significados
Carai, quanta coisa pode passar por essa tête telepaticamente enfadonha.
Crises, cruzes meu pai, tem de monte.
É o estado inanimado que se torna dinâmico no primeiro abrir dos olhos ao raiar do sol.
O primeiro canto do pássaro às 4 da manhã lembra que ainda não sonhei essa noite.
Se dorme para fugir, encontrará cabelos no travesseiro, e malditas vozes off adentrando o onírico.
Porra, nem sonhar se pode mais nessa situação.
Estou sem sono.
Enquanto a noite hiberna lá fora em uma segunda prosaica, descubro que meus olhos estão secos e minha mente vazia.
Queria livrar-me antes de dormir da complexa teia de significados imputados nos anos posteriores ao meu nascimento.
Deixá-los para lavar, secar ao sol, receber o mijo do cachorro sarnento e a benção do sol matinal.
Crises, cruzes meu pai, tem de monte.
É o estado inanimado que se torna dinâmico no primeiro abrir dos olhos ao raiar do sol.
O primeiro canto do pássaro às 4 da manhã lembra que ainda não sonhei essa noite.
Se dorme para fugir, encontrará cabelos no travesseiro, e malditas vozes off adentrando o onírico.
Porra, nem sonhar se pode mais nessa situação.
Estou sem sono.
Enquanto a noite hiberna lá fora em uma segunda prosaica, descubro que meus olhos estão secos e minha mente vazia.
Queria livrar-me antes de dormir da complexa teia de significados imputados nos anos posteriores ao meu nascimento.
Deixá-los para lavar, secar ao sol, receber o mijo do cachorro sarnento e a benção do sol matinal.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Clã
Uma mulher feita de dúvidas
no maravilhoso universo da humanidade
seria um espírito de riqueza infinda
ou um bicho acuado por temores pueris?
A simplicidade estampada no carrossel de emoções
na questão básica de quem será Deus?
no maravilhoso universo da humanidade
seria um espírito de riqueza infinda
ou um bicho acuado por temores pueris?
A simplicidade estampada no carrossel de emoções
na questão básica de quem será Deus?
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
hábitos
Um irresistível ímpeto em sofrer
cravar uma adaga no próprio peito
e fazer expandir o líquido vital
levando consigo toda a apreenssão
uma corrente que revolve as margens
tornando turva a compreenssão
do que sou eu
Uma espécie estranha
nessa noite decisiva
eu seria o centro de minhas decisões
os pensamentos tolamente formariam um fluxo macabro
dentro de minha cabeça perturbada
como um ser ínfimo
arrebatado por monstros autóctones de minha alma
decidiria, no alto da embriaguez destrutiva
que a existência não surtia efeito
o prelúdio não se completara
e a grande obra, a ópera retumbante
estava inacabada
era inacabável
grande inocência
desse humano em desespero
vislumbrar largar sua parceira
sem explicação ou lágrima germinadora
ela não o soltou
no último instante
persistiu
respirou o ar de meus pulmões
devolveu minha sanidade
em manter o hábito
de querê-la em mais alta estima
cravar uma adaga no próprio peito
e fazer expandir o líquido vital
levando consigo toda a apreenssão
uma corrente que revolve as margens
tornando turva a compreenssão
do que sou eu
Uma espécie estranha
nessa noite decisiva
eu seria o centro de minhas decisões
os pensamentos tolamente formariam um fluxo macabro
dentro de minha cabeça perturbada
como um ser ínfimo
arrebatado por monstros autóctones de minha alma
decidiria, no alto da embriaguez destrutiva
que a existência não surtia efeito
o prelúdio não se completara
e a grande obra, a ópera retumbante
estava inacabada
era inacabável
grande inocência
desse humano em desespero
vislumbrar largar sua parceira
sem explicação ou lágrima germinadora
ela não o soltou
no último instante
persistiu
respirou o ar de meus pulmões
devolveu minha sanidade
em manter o hábito
de querê-la em mais alta estima
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
sujeito no espelho
Foto: William Eugene Smith//Time Life Pictures/Getty Images
Olhou no espelho
desdobrou o passado em cada ruga
rusgas entre o tempo e as ilusões
nos olhos, cintilava a febre
sintoma das amputações recentes
procura ainda na barba
um resto do que imaginava ser
ela é a mesma de quando alimentava sonhos
anos antes, segundos atrás
reflete que essa imagem
não chega a ser tão distorcida
surreal, talvez hiperrealista
um pastelão repleto do mais puro
e inocente sorriso
(risos)
quis entrar no espelho,
modificar aquela imagem
alterar a disposição das rugas
inverter os lados, a língua
os olhos cansados e a narina torta
tocou seu rosto
leu as marcas em braile
e com um incrível truque
aprendido em uma de suas aventuras circenses
deixou de pensar
vestiu a roupa
e foi ganhar a vida
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
ventania no farol
Atravessa a rua na faixa branca
ela gira como um furacão selvagem
e silencioso
cada passo sela na mente
que o caminhar flutuante
não oferece tanto perigo
Surpreendentemente
na borda do bloco revolto de ar,
algo muito similar a uma sarjeta
ali queima ainda uma bituca
Hollywood, Marlboro com sorte
a ponta é avermelhada, sinal de que é forte
nada ligth, vulgo estora peito
a chama esvai-se lentamente
Os cabelos dançam e trançam
na nervosa ventania
os carros param no vermelho
e vêem a cena na primeira fila
abaixa as roupas rasgadas
e, com a mão reticente, apanha
a bituca quase puro filtro
vale a pena?
Em uma tragada
engole papel, fogo, filtro e tudo
e com olhar infinito
caminha até a próxima esquina
de bituca nas bitucas
Foto faixa-código de barras:Genaro Joner
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Lava
por que toda vez sonho
que estou vivo,
e que nesse interim,
como num filme sem fim,
escapo do crivo do tempo?
remexo o pedaço do vento
empoleirado nas minhas palpebras
e descubro que meus olhos
estão em cor de lava
afasto a fumaça que defuma o ambiente
e com os dedos cintilantes
extraio de seu interior
as imagens de dor
para isso derreto meus dedos
em queimaduras
de texturas horripilantes
e nesse sonho como repetição
podia ser livre
pois nada queria
a nåo ser tornar-me
líquido de lava
saida do centro
destinado a queimar a terra
e no futuro
ser pedra
que estou vivo,
e que nesse interim,
como num filme sem fim,
escapo do crivo do tempo?
remexo o pedaço do vento
empoleirado nas minhas palpebras
e descubro que meus olhos
estão em cor de lava
afasto a fumaça que defuma o ambiente
e com os dedos cintilantes
extraio de seu interior
as imagens de dor
para isso derreto meus dedos
em queimaduras
de texturas horripilantes
e nesse sonho como repetição
podia ser livre
pois nada queria
a nåo ser tornar-me
líquido de lava
saida do centro
destinado a queimar a terra
e no futuro
ser pedra
domingo, 24 de julho de 2011
resquícios
Retiro o que disse
com pompa e adereço
me retiro
esqueça do preço
aqui sou inquilino
com bolsos desertos
de alma barroca
e olhos escancarados
tranquei a porta atrás
com o molho de chaves
herdado anos antes
de um senhor que do escuro disse:
“Faça o proveito que lhe aprouver”
taciturno, taquigráfico encadeamento
o que encontrei aqui
em nada me remete aos dias de lá
a descoberta da rotação dos dias
e uma reverência quase imediata
aos espaços nulos
seduzindo o nada, dei de cara com o vazio
e quando inesperadamente pisei, vácuo
esse invólucro que atende por corpo
rebentou em faíscas de luz neón
deixando a alma flutuando como uma carta ao vento
mas antes de repousar na areia
suspirou o último ar morno
temperado pelos ventos marítimos
embarcou no navio do esquecimento
desapareceu
além do além do horizonte
com pompa e adereço
me retiro
esqueça do preço
aqui sou inquilino
com bolsos desertos
de alma barroca
e olhos escancarados
tranquei a porta atrás
com o molho de chaves
herdado anos antes
de um senhor que do escuro disse:
“Faça o proveito que lhe aprouver”
taciturno, taquigráfico encadeamento
o que encontrei aqui
em nada me remete aos dias de lá
a descoberta da rotação dos dias
e uma reverência quase imediata
aos espaços nulos
seduzindo o nada, dei de cara com o vazio
e quando inesperadamente pisei, vácuo
esse invólucro que atende por corpo
rebentou em faíscas de luz neón
deixando a alma flutuando como uma carta ao vento
mas antes de repousar na areia
suspirou o último ar morno
temperado pelos ventos marítimos
embarcou no navio do esquecimento
desapareceu
além do além do horizonte
quarta-feira, 20 de julho de 2011
o que se espera da manhã?
Devagar,
que amanhã, é só um dia
de sol nascendo vagaroso
e arredio
luzia ontem na janela
em cor de aquarela morna
um espirro de luz fosca
espelhava na louça esquecida na pia
o borboletar da libélula
milhões de movimentos em um piscar
bilhões num bocejo
na beira da espriguiçadeira
se esgueira o extremo ócio
e o que me vigia
são as caras doces
dos antepassados
daqueles que descansam
e mestres são nessa arte
velam pelos minutos
zelosos dos detalhes
que a essa altura da manhã
despencam aos montes
nessa xícara de leite,
café e retalhos de um zunido
fazendo lembrar que o gole
não é onírico
até onde é sabido
devidamente embustado
pelo café de sonhos intranquilos
boto o pé pra fora
aperitivo da fera cinza que dobra a esquina
que amanhã, é só um dia
de sol nascendo vagaroso
e arredio
luzia ontem na janela
em cor de aquarela morna
um espirro de luz fosca
espelhava na louça esquecida na pia
o borboletar da libélula
milhões de movimentos em um piscar
bilhões num bocejo
na beira da espriguiçadeira
se esgueira o extremo ócio
e o que me vigia
são as caras doces
dos antepassados
daqueles que descansam
e mestres são nessa arte
velam pelos minutos
zelosos dos detalhes
que a essa altura da manhã
despencam aos montes
nessa xícara de leite,
café e retalhos de um zunido
fazendo lembrar que o gole
não é onírico
até onde é sabido
devidamente embustado
pelo café de sonhos intranquilos
boto o pé pra fora
aperitivo da fera cinza que dobra a esquina
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Grande insignificância
Deitado de costas pro chão
acima, só o céu
e as linhas imaginárias
costuradas pelas incessantes sinapses
minutos antes:
uma queda
De pressão? Da escada?
Nas estruturas abissais contidas no caminho?
De fato, uma chaga
vinda de uma implosão
regou o piso de sangue
um sangue de coagulação tardia
pois insistia em encarar a figura
que, buscando a fuga
rodopiou os pés no viscoso rubro líquido
e estatelou as costas na poça
afundado no charco
esperou pacientemente
as estrelas surgirem
a lua enriquecer o céu
e os olhos fecharem
de manhã, tinha nódoas na roupa
e um gosto de pólvora na boca
sentiu-se, pode-se dizer...
vencido, em uma luta dantes travada
outras vezes, várias vezes
mas, despontava como um gosto final
aquele que emerge no mais sensível paladar
a força de abrir os olhos
e deixar a cicratiz ser só cicatriz
em toda sua insignificância e grandeza
Foo Fighters - I should have know - Álbum: Wasting Light
acima, só o céu
e as linhas imaginárias
costuradas pelas incessantes sinapses
minutos antes:
uma queda
De pressão? Da escada?
Nas estruturas abissais contidas no caminho?
De fato, uma chaga
vinda de uma implosão
regou o piso de sangue
um sangue de coagulação tardia
pois insistia em encarar a figura
que, buscando a fuga
rodopiou os pés no viscoso rubro líquido
e estatelou as costas na poça
afundado no charco
esperou pacientemente
as estrelas surgirem
a lua enriquecer o céu
e os olhos fecharem
de manhã, tinha nódoas na roupa
e um gosto de pólvora na boca
sentiu-se, pode-se dizer...
vencido, em uma luta dantes travada
outras vezes, várias vezes
mas, despontava como um gosto final
aquele que emerge no mais sensível paladar
a força de abrir os olhos
e deixar a cicratiz ser só cicatriz
em toda sua insignificância e grandeza
Foo Fighters - I should have know - Álbum: Wasting Light
terça-feira, 21 de junho de 2011
apontamentos sobre o tempo de folga
Foto de Sebastião Salgado
"É quase impossível esquecer o menor abandonado ,nossas dívidas, o racismo, as guerras... Mas graças à Deus, existe sempre a música" Renato Russo
Engraçado
é ter que ganhar a vida
quando ela se esvai sistemicamente
sistematicamente, que seja
pelos dedos
planos de austeridade
projetos pra posteridade
posturas de grande alcance
concordata
bancarrota
massa desfolhada
e falida
de líquido e certo
que tenho hoje
é que amanhã é dia
mais um dia
digameoquequeres
quedarteeinotempocerto
sábio daquele que sabe esperar
inda bem, inda bem, inda bem
tilintam como sinos essas letrinhas
que existem sonhos
o amor
e se esses não existirem
ainda resta a música
e se nem essa iguaria te apetece
faça o que quiser
mas veja bem,
desde que seja no armistício
chamado folga
domingo, 19 de junho de 2011
quando pensa que lá não está...
Deusa grega da memória, Mnemosine
Quebrou-se
juntou os pedaços
e, na ânsia de retornar ao que era
enveredou-se em novas formas
curvas que pinçavam os nervos peitorais
uma cavidade em especial
onde dantes, sólida, uma formação geológica
exibia sua capacidade de sobrevivência
perante os milhões de choques
em meio ao fustigado sentimento
de voltar, deletar o trauma do espatifamento
reudziu-se a um oríficio
como um poço seco
ou uma fresta, esquecida pelo encarregado da obra
percebendo isso, tentou preencher a falha
pôs de tudo lá
mas como um oco infindo
os coisas passavam
escorregavam
deixando a falha
como um esboço de Mnemosine
dos memoráveis tempos
até o referido dia do fim
fim da forma antes conhecida
quinta-feira, 16 de junho de 2011
E hoje, você está se sentindo bonita?
"O Amor é sexualmente transmissível" - do livro de Marçal Aquino, "Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios" - Homanagem ao professor Schianberg
Tem alguém aí?
Ou são só ruídos bastardos?
Tem alguém aí?
Atrás do que está na frente?
Tem alguém aí?
Embaixo da máscara,
ou serão máscaras ao infinito?
Alguém se espreita aqui
irrequieto, quer fugir de si
sem saber que o que consegue
em seus áureos esforços
é uma versão do ponto inical
Aqui – fronteira - Aí
só pra constar:
se tiver alguém aí
tire-me daqui por uns instantes
de minhas versões infindas
quem sabe daí
ouça melhor meus ruídos criptografados
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Estrada
Frans Krajcberg - s/t - 1961
Preencher a estrada de rabsicos
com rastros de sonhos
e amores
acelerar aos limites invioláveis
apenas o vento contra si
deixar as lágrimas dissolverem-se
no acostamento empoeirado
atropelar o medo
e os incomodados
mas lembrar-se
de acomodar ao lado
só quem interessa
pra quem o olhar não tem pressa
e o detalhe do tempo
é um vôo de borboleta
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Frio
Cena do filme "Um homem sem passado" (2002), de Aki Kaurismaki
Um frio
que rebenta os pórticos do passado
e endurece o fluxo revolto do rio
Uma temperatura mais que amena
serena e severa
Sereno e orvalho
em pedras
frieza
nos olhares rasteiros
nos pés recalcitrantes
Um congelamento sistêmico
de orgãos, sonhos
Endêmico
Engloba
o calor
das dores
Um coração frio
não sangra
não obstante
pode quebrar-se
em 2 ou 1000 pedaços
quarta-feira, 25 de maio de 2011
não vá, noiva
segunda-feira, 16 de maio de 2011
choro
Imagens do filme "Onde Vivem os Mosntros"(2009), de Spike Jonze e do livro homônimo (1963) de Maurice Sendak, que inspirou o filme
Toda vez que choro
recai sobre os recantos
recônditos e quebrantos
a vontade do invisível
quero correr tanto
que possa voar sobre o fastio
e sim, atingir o nível
onde a raiva transmuta-se
em leve olhar de mãe
meus castelos serão firmes
de honra, suas bases serão profundas
e felicidade estará hasteada
aos quatro ventos
não faltará quentura
de coração exposto
sobreposto um sobre outro
em uma pilha rubra
certamente virão assaltar
na calada da noite
os insones temores
fracos em suas explosões repentinas
o assoite endógeno
às magnânimas torres da confiança
mas, qual o que
essa lágrima respingou no peito
fez-me voltar
da fúria
e dar mais uma chance
ao carinho
Toda vez que choro
recai sobre os recantos
recônditos e quebrantos
a vontade do invisível
quero correr tanto
que possa voar sobre o fastio
e sim, atingir o nível
onde a raiva transmuta-se
em leve olhar de mãe
meus castelos serão firmes
de honra, suas bases serão profundas
e felicidade estará hasteada
aos quatro ventos
não faltará quentura
de coração exposto
sobreposto um sobre outro
em uma pilha rubra
certamente virão assaltar
na calada da noite
os insones temores
fracos em suas explosões repentinas
o assoite endógeno
às magnânimas torres da confiança
mas, qual o que
essa lágrima respingou no peito
fez-me voltar
da fúria
e dar mais uma chance
ao carinho
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Estrela
Se os olhos podem ver
a estrela que verte intermitente a luz
sem saber se ainda respira
os zil anos de distância
quem poderá dizer
se ela é maior que ti?
Que minha vontade
dos teus olhos
que meu encanto
que sai do canto
e se deslumbra
em teu toque
que tamanho é essa estrela?
Que não é da manhã
mas alumia o peito
com um sabor de calma e alvorecer
a estrela que verte intermitente a luz
sem saber se ainda respira
os zil anos de distância
quem poderá dizer
se ela é maior que ti?
Que minha vontade
dos teus olhos
que meu encanto
que sai do canto
e se deslumbra
em teu toque
que tamanho é essa estrela?
Que não é da manhã
mas alumia o peito
com um sabor de calma e alvorecer
sábado, 23 de abril de 2011
tudo se copia
Cena do filme Cópia Fiel (2010), de Abbas Kiarostami
cópia sépia
do sonho colorido
a água salgada com gosto de lágrima
denuncia meu estado
de copiosa lástima
um sentimento, cópia de ópio
amortecimento, paralisia, torpor
cópia malfeita
cópia perfeita
cópia da cópia
esquece, enfeita
refaz o que era sacramentado
acende as cinzas
do início ao cabo
mais uma versão
mais uma aversão
à copia da dor
o amor ao avesso
e como tal
um simples adereço
de uma alma decalcada
desmancha-se às gotas salobres
deixando sobre o substrato
a cópia do nada
domingo, 17 de abril de 2011
mundo mudo, vasto
Imagem do filme "Viajo porque preciso, volto porque te amo"
escondo em uma pequena lupa
a visão de cristais opacos
debridar a rocha para saber se
em alguma parte nela
existe um diamante
não necessariamente brilhante
mas invarialvemente
com um desejo de emersão
de descoberta dos terrenos
mais inevitáveis que se possa colidir
descobrir
uma vida lazer
em um parque vasto feito de terra
estrada e rumores internos
pensar em você me fez viver
viver me fez deixar cair pedaços de mim
que mais do que amputações
imputaram um sentido
nessa jornada de encontros
sexta-feira, 25 de março de 2011
lembrança
Ítalo e Nacho
O fim
Fim de uma linha
de uma reta
de um sabor que se esvai nas papilas
Fim de um pedaço
de um fio de vida
de uma imagem que se espraia nas pupilas
carrega consigo senões
os porvires e os viveres
Fim de um calor
de um presente
de uma presença
que se aconchega nas lacunas
Vive na lembrança
travessa criança
brincando de esconde esconde
Nacho, fique bem com o Sebastian, a Gabi e a Natasha
obrigado pelas lambidas e alegrias!
terça-feira, 22 de março de 2011
Fronteiras
Fronterias
serão barreiras
ou esteiras de congraçamento?
Espaços de presença meia
inteira
ou parte daquilo que prometera?
Saber de si o que do outro é alheio
mistura entre a lágrima e o globo
medo que separa a lebre do lobo
distância que percorre os olhares
equilibrei-me nos entreatos
pisei do outro lado
fui atacado como um bicho
excomungado de uma crença
que pertencia a outrém
amei do outro lado
fui um deus acossado
pelos versos loucos de paixão
que eram meus próprios
um complexo nexo
dessa terra de ninguém
onde defronte de si
nada mais
que o constante início
de um novo contato
serão barreiras
ou esteiras de congraçamento?
Espaços de presença meia
inteira
ou parte daquilo que prometera?
Saber de si o que do outro é alheio
mistura entre a lágrima e o globo
medo que separa a lebre do lobo
distância que percorre os olhares
equilibrei-me nos entreatos
pisei do outro lado
fui atacado como um bicho
excomungado de uma crença
que pertencia a outrém
amei do outro lado
fui um deus acossado
pelos versos loucos de paixão
que eram meus próprios
um complexo nexo
dessa terra de ninguém
onde defronte de si
nada mais
que o constante início
de um novo contato
sexta-feira, 4 de março de 2011
longe do alvorecer
Vou te encontrar em um arrebaldo
num balacobaco daqueles
que esquece-se o juízo
em um copo untado de alcool
descerá guela abaixo essa prima da razão
que insiste em voltar no dia seguinte
mas só no dia seguinte
porque na noite anterior tu surgirás como uma santa
caída em meio a chuva
expulsa do estômago de um Deus rebordoso
vinda direto pra mim
zumbizar sacanagens em meus ouvidos trêmulos
lamber o vinho transbordante de minha boca
engolir-me em goles curtos
e precisos
uma vez dentro de ti
esqueceria de mim
dissolver-me-ia em teu sangue alcoolico
pra flutuar pra rua
pegar o próximo trem
pra longe, pra onde ninguém possa ver
o alvorecer que se apluma
terça-feira, 1 de março de 2011
O improvável
Vagas estrelas da ursa
extensas memórias elefantes
ultrapassar os segredos incubados
grafados em sangue e odor
pode ser incompreensível
um fim de linha
dos antigos que viam no horizonte infinito dos mares
o abismo
uma garganta de trevas a engolir os loucos navegantes
temor
do amor diferente
da brincadeira infantil
solidificada em horror
em moral
reme nas águas frias das lembranças
doces, com tão alto teor de sacarose
que pode cariar a razão
despedaçar a idéia de si
incompreensão
incompleto ser
por natureza
“Ficar dentro da coisa é a loucura”
Frase de A Paixão segundo G.H., Clarice Lispector
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
velocidade estonteante
Fardos de fardos em quilos
múltiplos exponenciais
em um trajeto oblíquo
horas em sonhos não dormidos
pulsam, marcam o compasso
desse amálgama de tango e teatro burlesco
desvio desse montante
que, em queda livre
atinge a velocidade da luz
e decompoem-se em um prisma
uma vida de sete faces
os olhos espelham o desejo
de um ser inábil com o dom da liberdade
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Em cheio
Pra que receio
se o melhor tá no recheio?
Nas entranhas que não são estranhas
são nossas!
Aos mistérios sondáveis,
que captamos via intuição
Às quizumbas infindáveis
desse corpo que te pertence
salve salve salve
sem eloquencia paquiderme
rastejante em palavras ocas
essa carne se move em moinhos
que fagocitam com lindas bocas
o parasita da maleita emocional
a distância confortável
tornou-se insuportável
se o melhor tá no recheio?
Nas entranhas que não são estranhas
são nossas!
Aos mistérios sondáveis,
que captamos via intuição
Às quizumbas infindáveis
desse corpo que te pertence
salve salve salve
sem eloquencia paquiderme
rastejante em palavras ocas
essa carne se move em moinhos
que fagocitam com lindas bocas
o parasita da maleita emocional
a distância confortável
tornou-se insuportável
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Voo além
A busca do são
do sal do mar
do peso do chão.
Sem sair daqui
cogitei uma palavra
um recente descalabro
do tempo que passou
Vou alimentar minhas asas
e preparar o voo
para o admissível
Longe do ontem
ad infinitum
do sal do mar
do peso do chão.
Sem sair daqui
cogitei uma palavra
um recente descalabro
do tempo que passou
Vou alimentar minhas asas
e preparar o voo
para o admissível
Longe do ontem
ad infinitum
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
encontro
A beleza e o infortúnio
da pedra que no meio do caminho
se aninha entre os pés
A certeza e o imponderável
do gesto que, entreolhares
substancializa o efêmero
A despedida e a celebração
do momento que irrompe
e bagunça o plano
voltemos ao sentido
ao encontro
daquele alguém
no meio do caminho
“And freedom, oh freedom,
Well, that's just some people talkin'
Your prison is walking,
Through this world all alone”
Gleen Fray e Don Henley – Música “Desperado”
Aqui com Jonnhy Cash
da pedra que no meio do caminho
se aninha entre os pés
A certeza e o imponderável
do gesto que, entreolhares
substancializa o efêmero
A despedida e a celebração
do momento que irrompe
e bagunça o plano
voltemos ao sentido
ao encontro
daquele alguém
no meio do caminho
“And freedom, oh freedom,
Well, that's just some people talkin'
Your prison is walking,
Through this world all alone”
Gleen Fray e Don Henley – Música “Desperado”
Aqui com Jonnhy Cash
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Rebbot
Nunca inventaram
a panecéia em lata
grafada com data de fabricação e validade
ou uma caixa de Pandora
confeccionada por máquinas produtoras
um emplastro salvador
feito de babosa
ou baba de baleia
a fragilidade dos instantes
contém a fortaleza
um curso a distância
para aprender seus mistérios
talvez seja conveniente
ou, se faltar o tempo
ainda há opção
de sentar-se
e fechar os olhos
Ctrl + Alt + Del
Ouça nesse momento de reinício:
a panecéia em lata
grafada com data de fabricação e validade
ou uma caixa de Pandora
confeccionada por máquinas produtoras
um emplastro salvador
feito de babosa
ou baba de baleia
a fragilidade dos instantes
contém a fortaleza
um curso a distância
para aprender seus mistérios
talvez seja conveniente
ou, se faltar o tempo
ainda há opção
de sentar-se
e fechar os olhos
Ctrl + Alt + Del
Ouça nesse momento de reinício:
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
sumidouro
Segue o outro, que não tem direção
pegue o troco, pague a conta do viver
saia à esquerda, ultrapasse a contramão
negue o risco, a pena não vale ter
escorregue os olhos, evitando o antiderrapante
entre de rompante com seu ar bufante
e diga as baboseiras decoradas de antemão
que a verdade do ser é o sermão
rodeie sobre si duas vezes e meia
olhe para o chão, pro céu e o horizonte
sinta o que a gravidade semeia
quando um sumidouro de incerteza
acomoda-se em sua frente
pegue o troco, pague a conta do viver
saia à esquerda, ultrapasse a contramão
negue o risco, a pena não vale ter
escorregue os olhos, evitando o antiderrapante
entre de rompante com seu ar bufante
e diga as baboseiras decoradas de antemão
que a verdade do ser é o sermão
rodeie sobre si duas vezes e meia
olhe para o chão, pro céu e o horizonte
sinta o que a gravidade semeia
quando um sumidouro de incerteza
acomoda-se em sua frente
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Filipinas
O olho busca o horizonte
traça um passeio perfeito
sem interrupções indesejadas
os espaços se convertem em rochas
o tempo é exato e bondoso
e os pés, relaxados e precisos,
seguem um ao outro
sussura ao canto do ouvido
um conselho de vida
a centelha da razão
mas algo parece errado
muito errado
alguém desavisado atravessa o caminho
com pés cheios de lama seca
as rochas são icebergs derretendo
contando os segundos do tédio
e as palavras que abaulam os tímpanos
falam sobre incerteza, medo e solidão
a distância confunde
esfria os propósitos certos e claros
desvia a rota
estou longe de casa
mas logo estarei de volta
e isso passará, ao menos por enquanto
Vejam o trailer do filme "Mammoth" ("Corações em Conflito") de 2010.
traça um passeio perfeito
sem interrupções indesejadas
os espaços se convertem em rochas
o tempo é exato e bondoso
e os pés, relaxados e precisos,
seguem um ao outro
sussura ao canto do ouvido
um conselho de vida
a centelha da razão
mas algo parece errado
muito errado
alguém desavisado atravessa o caminho
com pés cheios de lama seca
as rochas são icebergs derretendo
contando os segundos do tédio
e as palavras que abaulam os tímpanos
falam sobre incerteza, medo e solidão
a distância confunde
esfria os propósitos certos e claros
desvia a rota
estou longe de casa
mas logo estarei de volta
e isso passará, ao menos por enquanto
Vejam o trailer do filme "Mammoth" ("Corações em Conflito") de 2010.
Assinar:
Postagens (Atom)